· Entrevista ao presidente da Associação de Estudantes, Jorge Carvalho
1- Em anos anteriores, alguma vez tinhas pensado em candidatar-te à A.E.?
Nunca na vida! Nem este ano estava à espera. Foi uma coisa que surgiu na turma (11ºA). Eles decidiram candidatar-se e escolheram-me a mim como presidente. Nem fui eu que me auto-candidatei.
2- A tua lista ganhou com grande vantagem. Qual achas que foi o segredo para convencer os estudantes?
É assim… o pessoal da minha lista trabalhou bem. Por acaso nessa semana, foi uma semana em que estive ausente da escola, cheguei a faltar 2 dias durante a campanha. Se calhar se ganhámos foi muito devido a eles, nem foi muito pelo meu trabalho. Às vezes eu chegava e eles diziam-me: “Vamos fazer isto.” E eu perguntava: “como?” e eles diziam: “não te preocupes, já está feito!”.
Também acho que este ano as listas não eram tão fortes, incluindo a minha. Já houve anos em que isto foi mais competitivo.
3- Quais foram os principais objectivos desta associação?
O principal objectivo era melhorar a escola e as condições para os alunos. Tenho a noção que prometemos muitas coisas que não cumprimos, mas também por falta de dinheiro, porque nunca tivemos apoios em nada. Mesmo com a campanha, houve gente que teve que pôr dinheiro do próprio bolso e depois dividimos as contas entre todos. Tivemos alguns custos com a rádio, pois tivemos que trazer alguma material de casa. Mesmo assim, a rádio foi a única coisa em que tivemos algum apoio do Conselho Directivo.
4- Quais os objectivos cumpridos e os que ficaram por cumprir?
Por cumprir ficaram muitos e fico triste por não termos conseguido cumpri-los. Outra coisa que nos deixa em desvantagem é que as eleições nesta escola, comparada com outras, fazem-se muito tarde. As eleições fazem-se a meio do ano lectivo o que nos deixa pouco tempo para concretizar as propostas. No inicio do próximo ano a A.E. ainda é nossa por isso se for possível vamos trabalhar para que algumas propostas se tornem realidade.
5- Qual a maior dificuldade que encontraste para cumprir o programa?
Sobretudo falta de apoios e como já disse a falta de tempo que tivemos. Nesta escola também há pouca participação dos alunos. Abrimos alguns concursos e actividades e recebíamos uma ou duas respostas em meses.
6- Achas que a parceria A.E./ Conselho Directivo tem sido favorável para a escola?
As relações são boas, principalmente com o professor Joaquim. A verdade é que também não falamos muito mas sempre que pedimos para afixar cartazes e assim, ele sempre nos ajudou.
7- Em que é que a tua associação marcou a diferença relativamente a associações anteriores?
Eu nunca estive muito por ligado ao trabalho das associações anteriores. Não sei quais eram as propostas deles, nem aquilo que cumpriram, porque como já disse nunca me tinha passado pela cabeça fazer parte da A.E., não era uma coisa que me chamasse a atenção.
Acho que uma coisa em que tentámos marcar a diferença foi a divulgar a nossa imagem. Criámos um site e o facebook da A.E. pelo menos tentámos divulgar mais a nossa presença.
8- Achas que a A.E. te ocupa muito tempo?
Acho que me ocupou mais no início. Foi mais aquela coisa de tentar ter tudo pronto. Os primeiros dias foram complicados. Houve dias em que acabava as aulas às 10h00 e ao 12h00 ainda estava na escola e depois tinha que voltar de propósito durante a tarde. Agora já não é bem assim… no inicio o pessoal ainda não sabia o que é que tinha que fazer e agora já trabalhamos melhor e de forma mais organizada.
9- Qual o balanço que fazes desta experiência?
Eu acho que é um balanço positivo. Eu sei que não fizemos muito mas vamos tentar até às próximas eleições trabalhar para continuar a cumprir os objectivos. Mas gostei da experiência, foi diferente.
10- Pensas recandidatar-te no próximo ano?
Acho que não. No início ainda pensei que sim, mas nesta altura acho que não. A verdade é que temos tido alguns problemas na escola. Não tem havido diálogo. Acho que há pessoas, mesmo dentro da lista que quando eu quero levar isto a sério, levam tudo a brincar. Por isso se me recandidatar vai ter que ser com algumas mudanças.
• Entrevista ao Sr. Director
1- Sr. Director, há quanto tempo dirige esta escola?
Ui! Tenho que fazer contas… (risos). Faço parte da direcção há 20 anos, mas como presidente e agora director, ou seja, à frente da direcção, há 10 anos.
2- Acha que a sua direcção conseguiu melhorar a escola em que aspectos?
Sim. Houve a criação dos cursos profissionais e dos cursos de educação e formação (CEF’s). A criação de melhores condições para o 1º ciclo, porque nós somos um agrupamento o que engloba todas as primárias e pré-escolas do concelho. Houve também a instalação do sistema de cartão electrónico e do sistema de vigilância. Apostámos também bastante nas tecnologias de informação, actualmente temos muitos computadores.
3- O que acha que se pode melhorar na escola? Quais os projectos definidos?
A qualidade do sucesso, ou seja, queremos mais alunos com notas mais altas. Umas das coisas também a melhorar é a localização do pavilhão. Era importante que os alunos não precisassem de sair da escola, porque é perigoso, pode acontecer alguma coisa. Já falámos com pessoas do ministério e eles concordam mas a resposta acaba sempre por ser a mesma: “não há dinheiro”.
4- Já existiu algum jornal na escola?
Nunca existiu um jornal com publicação regular, sistemática. Quando dava aulas fiz um com umas turmas. Mas nós, enquanto escola, nunca fomos capazes de manter um jornal.
5- Sabemos que os resultados dos exames no secundário não foram os melhores a nível nacional. Na sua opinião quais foram as causas?
Nós nunca ficámos tão mal classificados no ranking nacional. Há 3 ou 4 anos estávamos em 1º lugar no distrito. Isto tem a ver com vários factores: quando há poucos alunos, basta metade dos alunos falhar para os resultados não serem os melhores. Para além disso, os resultados variam de ano para ano, dependendo da dificuldade dos exames e há anos em que os alunos são melhores e mais trabalhadores.
6- Quais as medidas que pretende tomar para inverter tal situação?
Aulas suplementares de Química e Biologia, pelo menos mais uma por semana. E temos que ser mais exigentes, ou seja, só passa quem souber o que vai exigir também mais trabalho por parte dos alunos.
7- Existe algum psicólogo na escola?
Não. O psicólogo é financiado pelo Governo e como este ano não há dinheiro por causa da crise o contrato não foi renovado. O psicólogo é muito importante, é dos profissionais que mais falta faz numa escola e nós quase não o vemos trabalhar. Resolve muitos problemas com famílias, alunos com necessidades educativas especiais…
8- Na sua opinião, é justo o apoio que é dado aos cursos profissionais em detrimento do ensino secundário?
(risos) … se calhar não é, mas são as leis que existem. São cursos financiados pela União Europeia. As regras não são minhas.
9- Na sua opinião quais serão os motivos para a escassez de alunos no ensino secundário?
Não, isso não acontece. Os alunos não diminuíram, até temos mais. Os que saíram foram para outros cursos, Artes, Letras… e nós não podemos abrir todos os cursos (não se abre um curso com 3 ou 4 alunos). Exceptuando um ou outro que pode mudar por opção para uma área que haja aqui, a maioria fica.
10- Sr. Director, para terminar, quais os seus sonhos, as suas expectativas relativamente à escola de Belmonte no futuro?
Eu para mim já não peço nada, que eu já estou velho… (risos). Que sonhos é que eu havia de ter?! O que eu quero é que vocês alunos sejam felizes e isso engloba tudo no mundo actual.